Tempo de Jogo:
3279 minutos
RENASCIDA DAS CINZAS ✔️
Antes de falar sobre Chronos, acho importante fazer um rápido contexto sobre a criação da Gunfire, até porque isso acabou influenciando posteriormente na criação do próprio Chronos e também do universo compartilhado com Remnant.
Lá no distante ano de 2013, a THQ, uma dais maiores publishers de games dos EUA, declarou falência devido à sua má administração e sucessivos prejuízos. Isso levou ao fechamento de vários seus estúdios, incluindo a Vigil Games, desenvolvedora da franquia Darksiders. As propriedades intelectuais da Vigil, pelo menos a princípio, NÃO foram adquiridas por nenhuma outra empresa. Dos seus fundadores originais, David Adams, junto de outros 35 ex-funcionários, foram contratados pela Crytec, uma desenvolvedora de games alemã que até então era muito conhecida por franquias como Far Cry e Crysis, para formar um novo estúdio e expandir os negócios da empresa para a América, e assim foi criada a Crytec USA.
No entanto, após apenas um ano de trabalho, a Crytec também enfrentou dificuldades financeiras, devido as vendas abaixo do esperado de Crysis 3 e Ryse: Son of Rome, além da sua mudança de foco no desenvolvimento de jogos, passando a dar mais atenção a jogos online e de realidade virtual.
No início de julho de 2014, começaram a repercutir na imprensa notícias sobre rumores de atrasos salariais dos funcionários da Crytec UK, o braço da empresa sediado em Londres. Essa situação escalou muito rápido, resultando ainda naquele mês na saída do David Adams e daqueles ex-funcionários da Vigil Games da Crytec USA. Sinal que os rumores tinham algum fundamento.
David Adams, por sua vez, fundou a Gunfire Games, ainda em 2014. Lembram que eu comentei há pouco que a Crytec mudou o foco do desenvolvimento dos seus jogos passando a investir também em Realidade Virtual? Então, NÃO se sabe se a Crytec cancelou o seu contrato com a Oculus VR ou se o contrato foi repassado posteriormente para a Gunfire, fato é que a Gunfire firmou uma parceria com a Oculus VR para lançar um jogo exclusivo para a sua plataforma, o problema é que eles só tiveram 11 meses pra trabalhar nele.
Sendo assim, em março de 2016 foi lançado, junto com o Oculus Rif, Chronos, que naquela época ainda NÃO tinha a extensão no nome de Before The Ashes. A parceria com a Oculus VR se estendeu por mais alguns anos, e rendeu alguns jogos, mas que NÃO vem ao caso aqui.
ENVELHEÇA A CADA MORTE ✔️
Chronos apresenta uma gameplay que combina mecânicas inovadoras com uma narrativa mais profunda, apresentando alguns elementos filosóficos. A jornada começa em uma pequena aldeia, onde o protagonista recebe sua missão: enfrentar um Dragão em um labirinto que só pode ser acessado uma única vez por ano, utilizando como portais alguns cristais espalhados pelos mais diversos cenários. A principal mecânica do jogo, o envelhecimento, é introduzida logo nesse início. É explicado que sempre que o jogador fizer uma tentativa e falhar, o seu personagem envelhece um ano, o que afeta as suas habilidades até o limite dos 80 anos, quando esse medidor congela e passa a NÃO influenciar mais na gameplay do jogador. Essa mecânica foi posteriormente utilizada em SIFU e apresenta um alto nível de dificuldade ao jogo. Fica subentendido que essa tribo mantém um ritual anual de enviar um novo guerreiro ao Labirinto, o mais forte dentre eles é enviado para combater essa ameaça que quase devastou a Terra.
Chronos possui elementos de Soulslike, então esses cristais são uma espécie de fogueira pro jogador gravar o seu progresso. Mas, diferente de Dark Souls, onde as fogueiras restauram a barra de vida e também os itens de cura do seu personagem, em Chronos os cristais são usados apenas como Checkpoints, já os itens de cura só poderão ser repostos após a morte do seu personagem. A Barra de Saúde pode ser restaurada de duas formas, usando os poucos itens de cura disponíveis durante a campanha ou derrotando um determinado número de inimigos. Isso adiciona uma camada a mais de dificuldade ao jogo, fazendo o jogador ser mais cauteloso nas lutas e no uso dos seus itens.
Eu gosto de jogos indie, eu vejo beleza em sua simplicidade, me agradou muito toda essa jornada de Chronos, ter visitado todos esses mundos, só não gosto mesmo é dessa mecânica de envelhecimento, mas eu consegui me adaptar a ela e concluir o jogo no modo Normal e posteriormente também no modo Heroico. Esse jogo NÃO é fácil, não mesmo! Mas também NÃO é impossível, como eu vi em alguns comentários aqui na Steam.
Quando você entende que primeiro é preciso quebrar a postura do inimigo, antes de começar a fazer um ataque massivo, e que mesmo nessa tentativa o inimigo pode te atacar, o jogo muda de perspectiva, você passa a ser mais cauteloso nos ataques e passa a jogar mais no erro dos NPCs, assim eu comecei a jogar mais no contra ataque, no erro do inimigo. A final, esse é um jogo Soulslike, embora simplificado, NÃO é um jogo de esmagar botão, é preciso estratégia e dissernimento nos ataques. Eu realmente havia achado estranho algumas criticas a esse jogo na Steam, e agora eu sei o motivo. A galera quer facilidade.
Eu gostei do jogo, eu curti esse visual, embora simples, ele NÃO me incomoda. Gostei dos mundos que foram apresentados, gostei da variedade de inimigos. Eu só NÃO curti os guardiões. Pra NÃO falar que nenhum deles me chamou a atenção, eu gostei do visual do Dragão e também do Muitas-Faces, eles acabam se destacando, mas isso no meio de outros chefes bem fracos não quer dizer muita coisa. A luta mais divertida pra mim foi contra a Red Widow, essa me deu trabalho, apesar de seus movimentos NÃO serem complexos, ainda assim me exigiram muita precisão e velocidade pra esquivar dos seus ataques. Precisei de algumas muitas tentativas pra decorar o seu padrão de movimento até poder derrotá-la, mas dá pra ter aquela facilitada na luta usando a Lança de Pan contra ela, tornando a luta menos injusta e mais equilibrada.
Toda a base pra criação de Remnant 1 e 2 já estavam aqui. É em Chronos que somos apresentados a trama envolvendo o “Projeto Sonhadores”, um programa secreto do governo americano que utilizava seres humanos como cobais em experimentos científicos pra estudar os seus poderes psíquicos, e usá-los como armas na Guerra Fria, experimento que até mesmo permitiu se comunicar com outras realidades paralelas. É aqui também somos apresentados aos primeiros mundos desse universo, Krell, Yaesha, o Labirinto e a própria Terra, mesmo que bem pouquinho da Terra seja apresentado nesse primeiro jogo. Os inimigos icônicos do primeiro Remnant também já estavam presentes aqui, como os Hunters e os Hulks, sem falar em todos os NPCs de Yaesha que foram sendo melhorados posteriormente em Remnant. Personagens importantes como Ford e Harsgaard também são mencionados aqui. Assim, literalmente toda a base de Remnant já estava aqui, você pode até NÃO gostar de Chronos, mas Remnant NÃO existiria sem Chronos. É uma pena que com um orçamento reduzido na época a Gunfire NÃO conseguiu apresentar a sua grande visão para este projeto, como aconteceu posteriormente com os jogos de Remnant.
Das minhas ressalvas, achei que o jogo possui pouca variedade de armas, a câmera atrapalhou em vários momentos do jogo, sempre em corredores e lugares apertados, tanto que eu fiz modificações no menu pra minimizar o problema. A narrativa deixou muitas pontas soutas, mas como acompanhamos os fatos pelos olhos do protagonista, da pra passar pano pra essa história, mas pra quem se dedicar a ler todas as anotações será recompensado. Tem também um problema com 3 conquistas que impedem a platina, isso por culta da THQ Nordic que NÃO permite a correção do problema.
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