Avaliações de Neo Cab

🟥 Nota: 2/5 — Quando a ideologia sabota o jogo. Peguei o jogo baratinho numa promoção. Comecei Neo Cab até que animado. A ideia de jogar como uma espécie de motorista de Uber num futuro distópico me pareceu interessante. Visual bonito, com estilo próprio, interface agradável, trilha sonora bacana, interação com passageiros, escolher rotas, parar pra dormir, gerenciar recarga e avaliação de cliente… tudo isso eu achei bem legal e tinha bastante potencial. O problema é que esse potencial se perde RAPIDINHO quando o jogo decide que sua missão principal é pregar ideologia. E não é qualquer ideologia — é aquele pacote completo da militância woke mais rasa e panfletária possível. Logo no começo você já encontra personagem com pronome neutro (“elu/delu”), jogado na sua frente sem nenhum cuidado narrativo, como se fosse só pra cumprir cota. Não tem construção, não tem contexto, não tem função além de marcar posição ideológica. Imersão? Foi embora ali mesmo. A protagonista também não ajuda. É emocionalmente instável, vive se perdendo em surtos, e o pior: mesmo quando você tenta jogar de forma equilibrada, o jogo te impede. Isso por causa do sistema que bloqueia opções com base no “estado emocional” dela. Ou seja: escolhas? Só se forem as que o jogo quer. [Spoilers] A amiga da protagonista então... é uma das piores personagens “amigas” que já vi em jogo algum. Manipuladora, mentirosa, usa você como mula pra transportar um item roubado (sem te avisar) e depois te larga. E o jogo ainda quer te convencer de que ela é importante e que você deve ir atrás dela. Qual a lógica? E se você tenta agir com um mínimo de coerência — como quebrar o item roubado que foi enfiado no seu carro — o jogo te chama de "Ludista" (como se isso fosse uma ofensa) e você “perde” o jogo porque “o sistema venceu”. "Jenial". Agora, se você resolve "fazer o bem" e derrubar a "corporação malvadona", você desbloqueia a conquista "Capra-Jato". Sim, você leu certo. Na hora me veio na cabeça Lava-Jato, Vaza-Jato... e não deve ser coincidência. Dado o viés claramente progressista e woke da história, tudo indica que o nome é uma provocação simbólica — uma inversão da Lava Jato “original” da vida real. Aqui, o “herói” é quem expõe a corporação opressora (Capra), como se fosse a justiça popular triunfando contra o sistema corrupto. É mais um aceno ideológico mal disfarçado, com crítica embutida à justiça seletiva, ao corporativismo e, claro, à polícia “sempre corrupta” que o jogo adora bater. Teve uma cena que me deixou puto de tão ruim: você é forçado a salvar uma personagem (aquela mesma do pronome neutro), sem opção de dizer “não”. E depois, quando chega sua vez de precisar de ajuda dela… ela simplesmente nega e te deixa na mão. O jogo praticamente te chama de otário, com todas as letras. [Fim dos Spoilers] Cheguei a rejogar o final umas três ou quatro vezes pra ver se as decisões realmente mudavam alguma coisa. Resultado: mudanças muito sutis. No fundo, é quase tudo a mesma coisa. Resumo? Trilha sonora agradável, visual bonito, ideia boa. Mas Neo Cab é uma experiência engessada, cheia de escolhas ilusórias, com um roteiro simplista, carregado de militância e sem nenhuma nuance. Tudo é preto no branco: empresa é a vilã malvadona, polícia é automaticamente opressora e corrupta, e os personagens ‘alternativos’ são os heróis por padrão. Infelizmente, é mais um caso de estilo desperdiçado por militância rasa e escrita fraca. Dá preguiça até de escrever esse review, porque o jogo tinha bastante potencial... mas preferiu seguir roteiro de militonto de universidade pública.