Avaliações de Flynn: Son of Crimson

[h1]Flynn: O Encanto de Final de Semana[/h1] [b]Observações:[/b] [i]- "Caberia perfeitamente em seu SNES/Mega Drive"; - Direção de Arte competente; - Tudo certo com a trilha sonora, mas nada memorável; - História genérica porém aquém do que poderia entregar; - Combate simples e efetivo, mas subutilizado; - Jogo curto para aquela diversão leve; - Ficou faltando dificuldade; - Não possui legendas em PT-BR[/i] Apesar de termos talvez há algum tempo certa saturação com o escopo de jogos de plataforma desenvolvidos por estúdios indie (ao qual sou entusiasta), [b]Flynn: Son of Crimson[/b] indiscutivelmente cativa desde o trailer do [i]Kickstarter[/i] com sua abordagem focando no combate, belos visuais em pixel e trilha com um [i]mood[/i] grudento de aventura. Não havia a menor chance deste jogo passar fora do meu radar. Finalizada a jogatina, o gosto é agridoce: um jogo divertido, agradável e competente no que se propõe a fazer, porém com a sensação de um imenso potencial desperdiçado. Tentarei refletir abaixo. [h2]Se Fosse um Cartucho, Eu Alugaria[/h2] Para os mais novos pode parecer loucura, mas houve uma época onde pessoas se deslocavam a um local físico alugar jogos por determinado período a um preço muito acessível. Para milhares de pessoas, as locadoras foram a porta de inúmeras aventuras - onde nem sempre sabíamos o que encontrar: ora pérolas, ora decepções. [i]Flynn[/i] seria uma grata surpresa na prateleira, adaptando-se perfeitamente a este cenário: em ritmo cadenciado levei 14h contabilizadas de sessão para aproveitar tudo o que este título poderia oferecer. Tempo ideal para alugar na sexta-feira e devolver no domingo. Apesar de haver elementos [i]Metroidvania[/i], temos aqui um tradicional jogo de ação em plataforma 2D munido duma [i]Pixel Art[/i] que nos remete aos melhores momentos da glória em 16bits. Você terá seções de plataforma (sem tanta necessidade de precisão), cristais para recolher e preencher sua árvore de habilidades, um Mapa Mundi para avançar por estágios (tal qual em [b][i]Super Mario World[/i][/b]) diversos, distintos e até certo ponto criativos; um pequeno aceno à exploração (na única [i]Fetch Quest[/i] do título), magias elementais para aprender, [i]puzzles[/i] para resolver (algumas com tais magias) e batalhas contra [i]bosses[/i] a enfrentar. Pelo [i]FAQ[/i] do estúdio [i]Thunderhorse[/i] entendi que a direção natural do jogo sofreu alterações de escopo, simplificando o projeto. O resultado de qualquer forma ficou ótimo, mesmo sem arriscar na introdução de novos conceitos para empurrar o gênero para frente. Simplesmente um belo cartucho para aproveitar no final de semana. [h2]O Chamado para uma [strike]Épica[/strike] Aventura[/h2] "Flynn, uma grande ameaça se aproxima ... Por favor Flynn, Rosantia precisa de você ... Acorde." Com este gancho o jogo te promete rumar para uma épica jornada do herói. Rapidamente [i]Flynn[/i], a persona silenciosa, empunha sua espada na companhia da canina [i]DEX[/i] e a ação se desenrola de maneira satisfatória. A progressão na jogatina é na medida certa e você sempre encontra novidades. Porém ... onde está o grande arco narrativo ? O mote inicial não paga a promessa e você joga aguardando uma evolução que te surpreenda, mas que nunca chega de fato. O que fica perceptível (e por isso minha sensação agridoce) aqui é que claramente havia uma [i]Lore[/i] a ser explorada, de mistérios e histórias ricas sobre contextos passados de [b]Rosantia[/b] e da relação entre mundos. A exploração se torna linear mesmo contendo estágios de múltiplos caminhos (que são declarados [i]in game[/i], tirando todo o fator surpresa inclusive no [i]backtracking[/i]). A dimensão alternativa da história é minimizada a eventos pontuais que avançam a narrativa sem alterações drásticas. No final você não se importa muito com personagens, motivações ou um antagonista que não nos passa sensação de urgência ou temor. Há claros sinais de que o jogo planejava ser mais ambicioso: um mundo interconectado para explorarmos com maiores possibilidades. O [i]Level Design[/i] dos estágios não é composto de áreas abertas como em [b]Alex Kidd[/b] ou do já citado título do encanador bigodudo, mas em seções que mais se assemelham a [b]Super Metroid[/b]. Pode ser que estes tenham sido sacrifícios necessários para que o jogo visse a luz do dia. Neste contexto, fico feliz por isso - pois apesar dos pesares a aventura é gratificante. [h2]A Fúria de Flynn vs Slime Feliz[/h2] Nesta jornada eu aconselho você a iniciar o jogo no [i]Hard[/i] desde o início. O jogo é fácil. Muito fácil. Tão fácil que o Difícil parece Normal. Apesar de haver uma boa gama de combos a serem aprendidos e das armas que progridem a história (todas contendo animações maravilhosas das [i]sprites[/i] de [i]Flynn[/i]), você não precisa de muito para evitar e atacar os monstros no momento certo (seguindo orientações visuais dos inimigos, além do padrão de suas animações para ter o [i]timming[/i] perfeito). Para os mais complicados, o uso do ataque especial resolverá muitas situações que poderiam ser mais interessantes. Você encontrará as melhores e mais desafiadoras batalhas do jogo nos "desafios" e confrontos contra [i]bosses[/i]. Os controles são responsivos e o [i]feedback[/i] dos combos é a melhor coisa do jogo (além do vislumbre visual), mas você esperaria um desafio proporcional à curva de evolução do protagonista. Além da facilidade nas batalhas há momentos onde você precisa da companhia de [i]DEX[/i] para avançar, mas não há qualquer estratégia necessária: pois existem pontos de invocação da canina exatamente no início de cada seção onde não há como avançar sem ela - praticamente delegando a esta personagem a nulidade. O jogo tenta ser acessível mas exagera em não te punir. Você acumulará generosa quantidade de cura e o "[i]Game Over[/i]" basicamente te infringirá em 5% de seus cristais acumulados - que você recuperará praticamente no mesmo local onde morreu, vista a abundância de cristais para [i]farmar[/i]. [h2]Resumindo:[/h2] Apesar de minhas reflexões o jogo possui seus méritos e consegue entregar um produto sólido e bastante divertido ! Se você procura um jogo curto e visualmente encantador, [b]Flynn[/b] pode ser uma ótima pedida para um fim de semana descompromissado. [i]PS.: Infelizmente o promissor estúdio Thunderhorse não resistiu e foi fechado no final de 2024. É muito triste ver um grupo talentoso e apaixonado precisar tomar decisões como essa. Nos deixaram um jogo encantador. Que eles encontrem novos caminhos e que logo nos entreguem outros títulos com a mesma paixão que Flynn demonstrou.[/i]