Tempo de Jogo:
7697 minutos
Terminado o jogo, agora é hora de review. A série é bem famosa, e acho que todo mundo conhece, mas pra quem não ouviu falar, é, junto com Final Fantasy, uma das séries carro-chefe no quesito RPG da Square Enix. E felizmente, diferente do último FF, que faz quase tudo errado, DQ se moderniza, mas mantendo sua identidade, e faz tudo certo. É para DQ o que FF XV deveria ter sido para FF.
Não tive nenhum problema na versão de PC, rodando sempre tudo no talo, sem stuttering e nenhum outro problema de performance. Meu PC é bom, mas lendo review e vendo alguns vídeos no youtube, o consenso é que é um port bom e leve, e até PCs mais modestos não terão nenhuma dificuldade para rodá-lo. Único ponto negativo aqui é a falta de suporte nativo para ultrawide, meio inaceitável em 2018… Felizmente, existe um fix para isso.
Sobre o jogo em si, é um RPG por turnos, bem tradicional, nos moldes dos DQs mais antigos. A história é bem simples, e meio clichê também. Você é a reencarnação de um herói destinado a salvar o mundo das trevas, conhecido como Luminary. Depois de uma introduçãozinha rápida no início, você sai pelo mundo em aventuras. Não posso comentar mais sobre o plot sem spoilar. Apesar de simples, existem alguns twists durante o jogo, que novamente não posso comentar, e o pacing é bom durante toda a jornada. Levei 127 horas pra fazer tudo, divididos em umas 90 horas pra main story, e quase 40 horas pro postgame, e em nenhum momento o cansaço bateu, como em alguns outros jogos que você joga durante muito tempo. Palmas por saberem ter dosado tão bem o conteúdo. Falando sobre a história ainda, ela é dividida em dois atos. O postgame, apesar de não ser parte da história, traz novos elementos, lore e acontecimentos, e é realmente o final do jogo mesmo, meio que um terceiro ato (tanto que você continua ganhando conquistas da história). Então a recomendação é que, quem for jogar, façam o postgame, pra não pegar a história incompleta.
Um dos pontos fortes da jornada são as aventuras que o herói passa e os seus companheiros. No plano de fundo, você tem a história principal, que eu já comentei. Mas toda cidade ou lugar que você vai, existem subplots, e alguns são bem interessantes. Em relação aos companheiros, não teve um que eu não gostei, todos são bem carismáticos, e todos se desenvolvem no decorrer da aventura. Parabéns de novo nesse quesito para o jogo. Ah, e quase todos os diálogos têm um voice acting bem competente também. Além disso, o jogo todo é lotado de homenagens e referências para os jogos anteriores da série. Não vai afetar quem nunca jogou nenhuma DQ, mas para os que já o fizeram, alguns momentos serão gratas surpresas. O próprio jogo em si é uma celebração de tudo o que é DQ.
O jogo possui um mundo MASSIVO. Sério, que mundo MASSIVO. É difícil não ter coisa pra fazer ou ver. Existe, por exemplo, uma porrada de cidades, cada uma com características próprias, que refletem desde a arquitetura, até na fala dos NPCs! Existe, por exemplo, uma cidade inspirada na Espanha, no Egito, na Itália, Japão, etc… E na cidade da Itália por exemplo, os moradores usam palavras e expressões do Italiano. Muito bacana ver esse cuidado. Existem também alguns minigames e elementos que retornam de outros DQs, como os cassinos, a busca por minimedalhas, etc. Espalhados pelo mundo estão ainda tesouros e recursos que você pode coletar para forjar armas e equipamentos no sistema de forging do jogo. Tudo isso porém, não está disponível de cara. O jogo começa meio linear, e o mundo vai se abrindo conforme a aventura avança.
No gameplay, como já falei, é um RPG clássico por turnos. As batalhas não são aleatórias, o que eu considero uma decisão muito acertada. Os inimigos ficam andando no mapa, e quando você encosta em um, a batalha começa. Existem dois tipos de câmeras durante as batalhas. Uma é dinâmica, e permite que você movimente o personagem no campo de batalha (sem benefício nenhum), rode a câmera do jeito que quiser na batalha, etc. A outra é clássica, fixa e automática, nos moldes dos outros DQs. O player pode escolher qual usar. Nas batalhas não tem muito o que falar, cada turno um personagem escolhe suas ações, estas são executadas, e você intercala com o inimigo. É possível deixar o controle de alguns personagens a par da AI, que faz um bom trabalho as vezes, mas que não é recomendado para batalhas mais difíceis. O design dos monstros é bem legal e criativo, com alguns retornando de jogos anteriores, e no geral as batalhas normais não são muito difíceis. Já os bosses trazem desafios, e os mais pro final do jogo ou no postgame podem levar a um game over com somente um turno! O true final boss, por exemplo, mesmo com todos os personagens no lvl 99, todos os equips no máximo, etc., me matou duas vezes, e todas as vezes ele fez isso em um turno só também kkk.
Para fortalecer seus personagens, existem três formas. O primeiro é pelo nível, que já é esperado de jogos RPGs né. Porém, todo personagem tem uma skill tree única, que o jogador pode escolher como gastar pontos. No início do jogo ela é bem tímida, mas vai sendo expandida. Existe um personagem, por exemplo, que pode colocar pontos em boomerangs, facas, espadas ou habilidades de “ladino” (astúcia na tradução direta). Se colocar pontos na parte de boomerang, por exemplo, o personagem ganha mais ataque ao usar essa arma, ou abre habilidades novas. Na árvore de ladino existem skills para roubar itens, aumentar a chance de desviar de ataques, etc. A terceira forma de fortalecer o personagem é forjando equipamentos comprados e achados para qualidades melhores, ou forjando alguns equipamentos únicos. Os recursos usados na forja são drops de inimigos ou estão espalhados pelo mapa.
Em relação as sidequests, existem 60 no total. Toda side tem uma histórinha pequenininha por trás, algumas interessantes, outras não, e podem ser divididas em duas grandes categorias: fetch e matar monstros com habilidades específicas. O interessante é que as quests fetch, por mais que sejam fetch quests, não marcam no mapa o item que você tem que achar, o que induz o player a explorar e buscar por respostas por contra própria. Enfim, não são coisas essenciais para o jogo, que você não conseguiria viver sem, mas também não tem uma execução ruim. E como é side, faz quem quer. As recompensas, no entanto, costumam ser boas.
Tecnicamente o jogo é foda. Não encontrei nenhum bug, o jogo não crashou nenhuma vez, a performance não degradou nada em nenhum momento, e é um dos jogos mais bonitos do ano. Sério, vão ver vídeos ou fotos disso rodando, o negócio é fenomenal. Tudo foi construído com muito cuidado e atenção. Nenhuma reclamação aqui, só glórias ao jogo. Ele tem um sistema de auto save também toda vez que você troca de área ou vai de uma área fechada pra uma área aberta (ou vice-versa). Também é possível salvar indo na igreja, como nos outros DQs kk. Não vejo mais muito o que comentar aqui. Ah, os créditos dps do true final boss são fodas, mostrando gameplay de todos os DQ lançados da série principal, fazendo um recap da jornada até aqui.
Pra finalizar, quem está em busca de um RPG competente em tudo que se propõe, mais tradicional, em turnos, pode ir de Dragon Quest XI que não vai se arrepender. Dos rpgs lançados esse ano e que eu joguei (DQ XI, NNK 2 e Octopath Traveler), este, com certeza, é o melhor. Não é o melhor da gen, se não chamaria Persona 5, mas é excelente.
Pontos positivos:
- Mundo massivo e interessante
- Sistema de batalha
- Carisma dos personagens
- Exploração que presenteia o jogador com loot, recursos, etc.
- Tecnicamente impecável, e construído com maestria
- Referência no gênero
Pontos negativos:
- Acho que só a falta de suporte ultrawide
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