Tempo de Jogo:
593 minutos
Se eu pudesse, daria uma recomendação "neutra" em vez de positiva e negativa, mas com certeza esse jogo merece mais uma recomendação positiva do que uma negativa.
Eu vim do primeiro Curious Expedition, que eu recomendo fortemente. Comparado a ele, este jogo é, pra mim, simplesmente inferior.
Antes de mais nada, o ciclo de gameplay é completamente diferente. No primeiro CE, você é encorajado a jogar várias campanhas, sempre competindo contra a IA. Aqui, você tem uma narrativa de história fixa que encoraja uma ou duas jogatinas extras. Isso foi de longe o que mais me decepcionou, e não teria nada de errado no jogo ser assim: nem todos os jogos precisam de alta rejogabilidade ou ciclo de gameplay de várias campanhas, mas considerando que o primeiro CE fez isso tão bem, aqui foi decepcionante.
No primeiro CE, a "fama" era muito importante. Você devia escolher entre doar tesouros para o museu (e ganhar fama) ou vende-los (para ganhar dinheiro). Essa escolha muitas vezes era bem desafiadora, porque no primeiro jogo você precisa de fama pra vencer a campanha, mas ao mesmo tempo, suprimentos são comprados com dinheiro, e não com reconhecimento.
Aqui, a fama e o dinheiro funcionam completamente diferente. A fama que você consegue dos tesouros serve pra ganhar "experiência" com o clube de exploradores que você escolher (desbloqueando novos itens na loja deles), e para ser convertida em "tickets", que são uma moeda extra. Esses tickets servem pra comprar equipamentos principalmente, mas estão LONGE de serem necessários. O dinheiro em si para comprar suprimentos, depende da expedição que você escolher, e NÃO TEM MOTIVO para guarda-lo, já que ele é devolvido depois de toda a missão, e o clube que você escolheu para te patrocinar fica com quaisquer itens que sobraram no seu inventário (que não sejam armas, armaduras ou alguns poucos itens especiais).
Esse é outro grande ponto negativo pra mim, já que parte do desafio e satisfação original do primeiro jogo era a administração correta tanto do dinheiro quanto da fama, além de que você podia escolher arriscar e usar menos itens durante uma expedição para guardar para a próxima. No segundo jogo, você DEVE gastar todo o seu dinheiro e levar o máximo possível de itens, não faz mais sentido economizar. De fato, nem faz tanto sentido assim se arriscar por tesouros atrás de fama igual no primeiro jogo: você não precisa de fama para vencer, apenas precisa cumprir o objetivo, e isso tira MUITO o desafio e o sentimento de urgência que o primeiro jogo tinha.
O segundo jogo também é muito mais fácil no geral. Pro meio até o final da campanha, mesmo sendo a minha primeira vez jogando, eu simplesmente amassava qualquer inimigo, não me importava de irritar os nativos já que eu era tão forte. Em ambos os CE, eu escolhi a dificuldade 2 de 3, ou seja, do meio, mas no CE, para terminar a campanha em primeiro lugar pela primeira vez, eu devo ter tentado umas 15 vezes (chutando muito baixo). Aqui, eu já ativei o modo de morte permanente na mesma dificuldade e zerei sem muita dificuldade. Pior ainda, eu sequer sabia que esse jogo foi feito para poucas campanhas ao contrário do primeiro: não encorajo você a ativar o permadeath, já que demorei quase 10 horas para zerar ele. Se eu tivesse morrido uma vez sequer, tenho certeza que recomeçar seria extremamente maçante, o que não acontece no primeiro CE.
Até agora eu só falei mal do jogo, mas ele fez muita coisa bem, sim. O combate é MUITO melhor, mais polido e mais complexo, com a adição de equipamentos e uma variedade enorme de ataques com efeitos bem diversos, ao contrário do primeiro que era super simples e muito mais baseado na sorte. Se fosse um pouco mais difícil, estaria perfeito.
Os gráficos são invariavelmente melhores e mais detalhados, apesar de eu achar o primeiro CE mais charmoso, é inegável que a direção de arte é muito melhor. A trilha sonora também é bem mais profissional e bem feita.
A quantidade maior de itens também deixa bem mais interessante. Itens como os tônicos e itens limitados de batalha te dão mais versatilidade caso você queira ir com uma build específica e dão mais profundidade nas escolhas do jogador.
De algum modo, o jogo também é mais leniente na questão de morte e eventos aleatórios. Por exemplo, cair numa ravina não é mais um game-over instantâneo igual no primeiro, e eu acho isso algo positivo.
A variedade de eventos aleatórios também é muito maior, um ponto bem negativo do primeiro jogo. Nada a reclamar sobre isso aqui.
Também acho válido elogiar a punição por passar muitos dias na mesma expedição. Agora, aparece uma névoa roxa que dificulta demais o seu progresso. No primeiro jogo, a pressa em terminar a expedição em poucos dias era um bônus de fama, que era válido, sim, mas a perda da oportunidade de um pouco mais de fama era uma punição fraca, já que valia muito mais a pena ficar meses e mais meses na mesma expedição para pegar todos os tesouros.
CE 2 por si só acaba sendo um bom jogo, sim. Ele tem charme, trilha sonora bem feita, é bonito, uma profundidade interessante e com certeza foi feito com amor. Eu só acho que o CE 1 é melhor mesmo, e acabei me sentindo um pouco vazio esperando uma sequência à altura.
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