Avaliações de Oddworld: Abe's Oddysee®

Ah, Oddworld: Abe's Oddysee...o primeiro jogo que zerei, o primeiro jogo que joguei. Simplesmente: o jogo mais marcante da minha infância. Um jogo que não só habita minha memória, mas escava nela. Meu pai — um fã devoto, me apresentou esse mundo quando eu mal conseguia usar um computador. Era nosso ritual noturno: ele, um homem de poucas palavras, e eu, um garoto aprendendo que até as fábricas mais sombrias escondem histórias. Hoje, entendo: ele não me deu um jogo, mas um caso. Um legado peculiar, como um detetive que passa adiante seu arquivo mais intrigante. E Abe... pobre Abe. Aquele momento em que ele descobre a verdade sobre a RuptureFarms — que ele é o próximo prato do cardápio — é uma revelação que corta mais que uma lâmina. É a ficha que cai, o instante em que o inocente percebe que é, ao mesmo tempo, vítima e única testemunha. Como um homem que descobre que sua vida inteira foi armada por outro, e agora a plateia espera que ele reaja. A jornada dele de escravo desprezado a esperança de uma espécie não é sobre heroísmo. É sobre sobrevivência com alma. Cada vez que ele salva um Mudokon, é como se confessasse: "Sim, eu importo. E eles também." Meu pai ria quando eu errava um salto e explodia em pedaços. "Observe os padrões", ''Preste atenção ao beep da bomba'', ele dizia. Hoje, vejo que ele estava certo. Oddworld não é só um jogo. É um espelho quebrado, refletindo Abe tentando escapar de sistemas maiores que seus medos. O jogo é um quebra-cabeça ético disfarçado de pantomima macabra. Cada salto, cada grito silenciado, cada criatura grotesca que persegue você. A atmosfera? As máquinas rangem como suspeitos sob pressão, as paredes sujas de óleo escondem segredos, e até os Sligs parecem saber mais do que admitem. A trilha sonora? Um coro de gemidos e batidas cardíacas aceleradas — perfeita para quem gosta de sentir o peso da culpa enquanto resolve puzzles. E a jogabilidade? Brutalmente honesta. Não há espaço para heroísmo barato aqui. Cada botão pressionado é uma decisão calculada. E quando você finalmente domina a arte de possuir inimigos, é como descobrir que o verdadeiro vilão... era seu chefe o tempo todo, o temido Molluck the Glukkon. Surpresa? Nem tanto. Recomendação? Sim, mas apenas se você estiver disposto a encarar a pergunta que o jogo parece sussurrar em seu ouvido: "Você é um salvador... ou só mais um fantoche?". Caveat emptor.