Tempo de Jogo:
873 minutos
O apocalipse zumbi aconteceu: hordas de mortos-vivos avançam pelas ruas da cidade, perseguindo os sobreviventes e adicionando suas vítimas ao crescente exército dos infectados. A última esperança dos fugitivos está em alcançar a segurança do helicóptero. Se parece que estou descrevendo Left 4 Dead, é porque o subgênero jogo de zumbi aparentemente já esgotou todas as possibilidades narrativas. Ou não. Em Atom Zombie Smasher, o exótico desenvolvedor Brendon Chung adiciona a costumeira bizarrice non sense de seus experimentos a um título de estratégia que mistura mortos-vivos com trilha sonora de surf music, bombas de lhama e histórias de amor.
Novamente a fictícia Nuevos Aires reaparece em um enredo de Chung, desta vez atacada por uma infestação de mortos-vivos. O jogador assume o papel de um general orbital, com uma visão estratosférica das cidades afetadas, controlando unidades de mercenários e um helicóptero de resgate para evacuar os sobreviventes. A jogabilidade é muito simples: pouse o helicóptero em um ponto da cidade e aguarde os bons cidadãos se encaminharem até ele com gritos de pânico, enquanto os zumbis avançam de determinados pontos com movimentos imprevisíveis. Cada mapa tem uma duração limitada e quando a noite cai, uma verdadeira legião de mortos surge de todos os lados. Exterminar todos as criaturas de um nível antes do anoitecer não é obrigatório, mas faz toda a diferença na vitória da campanha. Porém, se o jogo é fácil de entender, é muito difícil de dominar.
Atom Zombie Smasher cai na velha máxima dos "jogos casuais": vicia, exige pouquíssimo tempo para disputar cada batalha, mas você acumulará fácil dez horas de dedicação antes de conseguir se tornar um general eficiente. Cada cidade é gerada de forma randômica, a lista de mercenários disponíveis também é aleatória e a cada missão um novo evento, escolhido ao acaso, altera um fator na jogabilidade. Em alguns momentos, a vitória é fácil e pode ser alcançada trinta segundos depois de posicionar suas unidades. Em outros casos, você irá sofrer sucessivas derrotas e novas tentativas até conseguir vencer, se você não conceder a derrota antes, movido pela mais pura frustração. Felizmente, apesar de não possuir níveis de dificuldade, o jogo permite a configuração de diversas variáveis que o tornam mais fácil ou assustadoramente mais difícil. E, se você não quiser brincar com as variáveis, é só escolher a opção "casual" para uma experiência tranquila ou marcar a opção "hardcore" para conhecer o inferno estratégico na Terra.
Seus gráficos simples apresentam momentos inspirados, como os relâmpagos nos dias de chuva, a neve caindo ou a completa destruição proporcionada por canhões orbitais. Mas muita gente pode se afastar do título devido aos zumbis que não passam de quadradinhos cor de rosa ou por preconceito contra o aspecto casual. Para os fãs do trabalho de Chung, o título está repleto de detalhes inusitados e apresenta um nível de extras raramente visto em produções convencionais. Jogar Atom Zombie Smasher desbloqueia Vinhetas, micro-contos gráficos que pouco tem a ver com mortos-vivos e que são pedaços deliciosos de realismo fantástico. Se o autor não estivesse obcecado em criar jogos, ele poderia seguir carreira como quadrinhista. As ilustrações caprichadas estão por toda a parte: nas Vinhetas, nos tutoriais, na "Zedpedia" (a enciclopédia dos zumbis), nos contratos assinados a cada novo mercenário, na introdução e no epílogo. O jogo acaba ganhando pontos de simpatia com estas intervenções bizarras. Na seção de Extras, é possível visualizar todas as vinhetas, mesmo sem tê-las desbloqueado, uma prova que o importante mesmo é a diversão. O menu ainda traz atualizações do Twitter, link para o site, para o Facebook, acesso a Mods e outras novidades que não se costuma ver em outros títulos.
A trilha sonora é um espetáculo que vai ficar nos seus ouvidos muito depois de encerrar a sessão. Um cruzamento entre surf music e música latina, é o tipo de seleção que só poderia ter saído da cabeça de Chung. São apenas cinco músicas, duas do obscuro Benny Hammond e três da banda The Volcanics.
Atom Zombie Smasher ainda não é o título revolucionário que Brendon Chung está nos devendo desde seus experimentos em Barista. Tampouco irá alterar sua vida ou motivá-lo a desbloquear o achievement de resgatar 100 mil sobreviventes. Mas certamente é um passatempo instigante para uma semana inteira de almoços e os extras sozinhos já valem a conferida.
Originalmente publicado em: http://blog.retinadesgastada.com.br/2011/10/jogando-atom-zombie-smasher.html
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