Tempo de Jogo:
3779 minutos
Curtir o jogo porque gosto de desafio. E passei a gostar mais ainda depois de perceber que a dificuldade aqui é incessante. Mas de início confesso que esperava tudo menos a dificuldade, e foi justamente ela que me motivou, apesar de que para outros, o jogo foi frustante ao ponto de desistir. E realidade seja dita, passei por momentos que meu desespero pensava em usar cheat, mas meu senso de superação foi até o final pra conseguir sobressair as situações e bosses ante a recursos totalmente escassos.
Este jogo aqui não veio pra assustar com jumpscare baratos e sua proposta não é aquele terror que faça você se sentir absolutamente indefeso, como um Terror de verdade que não abusa de armas, somente de investigação e escape, usando de exemplo "Outlast". The Evil Within, você realmente se sente indefeso, mas não sem capacidade de se proteger, mas completamente indefeso porque você se torna insignificante perto das situações e boss fights, pois elas passam sensação de serem imprevisíveis e implacáveis de modo injusto, e talvez seja isso que ocasione o desafio e alívio momentâneo ao superá-las, fazendo você se torna a sua própria personificação da implacabilidade. Aqui, a indefensibilidade não vem da falta de armas ou recursos, mas da insignificância existencial diante de uma realidade brutal e distorcida.
O jogo não te joga um monte de informações na tela, você é o passageiro dentro desse mundo sombrio, a única preocupação dele é te ensinar a gameplay no seu básico que é crucial. Então é só você e sua absoluta vontade, que condiciona o personagem a encarar tamanha bizarrice. Sebastian, como personagem, se destaca por perseverar apesar do horror absoluto, ao lado de ícones como Isaac Clarke e Leon. Não por ser super-humano, mas por sua resiliência humana, sua luta desesperada para manter sua sanidade, um típico personagem parrudo inabalável, mas não totalmente imune pois ainda é um humano.
The Evil Within veio pra deixar o jogador numa tensão desmedida, com momentos que beira o aterrorizante entre o eletrizante; e quando falo, aterrorizante, me refiro a sua proposta geral. E eis a maior delas; a dificuldade. Sendo sua parte mais intrínseca da experiência, uma extensão direta do desespero que o jogo quer transmitir.
Tentativa e erro resume a complexidade dele, te jogando no caos da absoluta tensão e ansiedade. A jogabilidade "travada" não é um descuido aqui, mas um elemento intencional, para reforçar o peso de cada ação e decisão. A furtividade por exemplo, não é uma escolha confortável, mas uma necessidade, crucial ao ponto tentar economizar recursos. Esse jogo não te premia por ser heróico, mas te pune por ser descuidado. Mesmo com sua mecânica travada, ainda assim é jogável, e da mesma forma antes dita, intencional para causar a sensação extrema de limitação em um jogo Survival Horror, remetendo abordagens semelhantes a Resident Evil (olha que coisa, mesmo criador), elementos de stealth que muitos dizem se assemelhar com The Last of Us, mas como nunca joguei, meu parâmetro pra furtividade foi sempre e será Metal Gear Solid, até porque foi ele que criou e inovou o mundo de espionagem tática nos games. Mas não se engane, o stealth aqui não é um luxo como Metal Gear, mas uma necessidade de sobrevivência.
E se tratando de complexidade, psicologicamente falando, a trama não entrega respostas fáceis. A história é um quebra-cabeça psicológico (você precisa juntar 1+1 pra chegar às conclusões), e as DLCs complementam bem isso em cima do jogo base, onde cada peça é uma memória distorcida, uma manifestação de trauma. Assim como também é complexo em sua dificuldade, nos momentos que o game te coloca.
Se existe uma palavra pra esse game é "Angustiante", um completo horror terrivelmente angustiante. O verdadeiro terror de The Evil Within é a angústia constante, essa sensação esmagadora de vulnerabilidade existencial, que vai além do medo de monstros ou da escuridão. A escuridão ali não é um esconderijo para o mal, mas um espaço desconhecido e inescapável, uma metáfora para a incerteza e o sofrimento psíquico, da qual seu mundo é construído. Resumindo melhor; o medo do escuro aqui é inexistente, não é aquele medo porque as trevas simbolizam o mal, ou que a existência do mal está na ausência do bem, até porque o protagonista simboliza a presença do bem, já que Sebastian é definido como um cara moralmente bom jogado pra dentro de um mundo implacável. A presença da escuridão está ali pra deixar tudo mais angustiante, te passando a sensação do desconhecido, assim com o seu horror lhe passa sensação de desconforto, pois some isso a sua dificuldade, então sua carga escura se torna um fator primal e completamente intimidande. Não espere sustos ou jumpscares, como já dito, o terror psicológico desse game explora justamente a mente implacável de um psicopata dentro de seu próprio domínio, em uma intrincada malha de conexões de outras mentes perversas. A perversão e o mal estão enraizados na mente, no mais profundo âmbito do inconsciente, daí o título de O Mal Interior, pois qual o maior medo se não aquele que está enraizado na sua cabeça? E essa angustia é representado no cenário de mundo, design de criaturas, dificuldade e puzzles.
Reforço que nunca tinha visto um Survival tão punitivo quanto esse. A dificuldade incessante é a identidade desse jogo. Não há concessões, nem momentos de alívio duradouro (exceto os locais de salvamento dos espelhos, aquela música é um alívio). Cada recurso gasto, cada passo dado e cada decisão tomada carrega um peso tremendo na sua sobrevivência, jogo te pune em qualquer hesitação, qualquer erro de cálculo e qualquer ilusão de segurança. Se tornando uma abordagem que faz com que a sobrevivência em si seja uma vitória psicológica e emocional. The Evil Within é literalmente um Soulslike em terceira pessoa (ironia). Você menos espera, tem um grande chefe na sua tela e suas aparições são calculadas de forma tão imprevisível pra deixar a situação ainda mais alarmante, pois cada boss simboliza algo maior em relação a esse mundo fragmentado e moldado pela dor. Eles são forças da natureza que transformam batalhas em uma luta pela sobrevivência, onde sua vontade de seguir em frente é sua única arma real. E talvez a maior definição do protagonista ser parrudo, não é por ter atributos sobre-humanos, mas a sua "Resistência", relacionada a força de vontade do protagonista, dado ao contexto do jogo em seu gênero como Survival Horror. É um verdadeiro teste de vontade e coragem, onde sobreviver já é uma vitória pessoal.
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