Avaliações de Arzette: The Jewel of Faramore

Ah, os Zeldas do Philips CD-i... Aqueles jogos que pareciam ter sido programados durante um blackout, animados com PowerPoint 95 e dublados por estagiários em horário de almoço. “I wonder what Ganon’s up to” virou meme eterno, e com razão: aquilo não era Zelda... era Zeldinha da Shopee. Mas eis que surge Arzette: The Jewel of Faramore, feito por gente que olhou pra esse caos e pensou: “E se a gente fizesse um jogo com a mesma vibe… só que bom de verdade?” E, meu amigo, eles conseguiram. A história é entregue através de cutscenes animadas que homenageiam (ou debocham de) os tempos bizarros do CD-i — sim, com aquele jeitão de desenho animado da TV Cultura às 6 da manhã. Mas diferente do desastre original, aqui as atuações são propositalmente cômicas, a arte é bem feita, e o timing das piadas é bom. Em vez de rir do jogo, você ri com o jogo. Arzette mistura plataforma com exploração estilo Metroidvania light, um combate simples porém satisfatório, e muitos NPCs esquisitos que falam como se estivessem num episódio perdido de "Caverna do Dragão". Você vai andar, cortar monstros, resolver puzzles, e abrir baús com cara de quem esconde uma maldição. A progressão é linear o suficiente pra não frustrar e aberta o bastante pra você se sentir esperto quando encontra um atalho ou segredo. Esse jogo tem consciência total do seu DNA. Ele não foge do meme — ele abraça o meme, casa com o meme e cria filhos com o meme. Tem piadas sobre os jogos do CD-i, sobre RPGs em geral, sobre NPCs inúteis… e até sobre a própria protagonista. E o melhor? Nada parece forçado. O humor flui como um bom vinho — daqueles que vêm numa garrafa de suco de uva. Conclusão: O game pega o material mais zoado da história dos games, beija na boca, passa álcool gel e transforma em ouro. É como ver o Pateta ganhando o Oscar: impossível, mas justo.