Tempo de Jogo:
1409 minutos
Quem (ao menos entre nós, que jogamos videogame) nunca, ao dormir, sonhou estar dentro de um jogo? Especialmente em um que estamos jogando?
Perdi as contas de quantas vezes isso já me ocorreu no decorrer da minha vida, especialmente na infância.
E é a partir disso que [i]moon[/i] nos suga para sua diegese: quando um garotinho, vidrado na sua TV até altas horas da noite, vai dormir a pedido da mãe, mas é sugado pela TV e se vê dentro do mundo do RPG que estava jogando.
Na real, ainda tô tentando organizar o que penso a respeito dessa belezinha de software, depois de zerar há horas. Acho que, ao final dessa aventura toda, o que mais me pegou em cheio foi a experimentação pura com os aspectos diegéticos, e como todos os outros elementos - sejam eles narrativos, temáticos ou mesmo mecânicos - parecem girar em torno dessa exploração, do início fenomenal ao final surpreendente.
Desde o lançamento original, o jogo leva consigo essa alcunha de “anti-RPG”, e eu acho muito fofo como eles realmente conseguem mascarar um jogo de aventura (bem ao estilo dos “point-n-click” mesmo) com esse [i]feeling[/i]. Mais legal ainda é perceber como esse eixo temático, da forma maravilhosa com a qual foi tratado aqui, influenciou uma pá de jogos até tempos recentes, mostrando a força que o [i]shift[/i] na perspectiva do herói ao coadjuvante tem na hora de entregar uma narrativa super especial, simbólica e efetiva.
[i]moon[/i] foi o primeiro a tecer uma sátira das fórmulas do JRPG e uma crítica a seus padrões violentos. Tendo isso em vista, não é perfeito, especialmente mecanicamente, mas os bons momentos aqui sobressaem MUITO as partes irritantes, ainda mais quando levamos em consideração cada uma das interações com os personagens do mundo do jogo e a riqueza em cada detalhe. E ainda nem falei da trilha sonora, que é um ABSURDO de boa e extremamente robusta. O sistema de MDs é a melhor coisa, e poder escolher a própria playlist pra escutar durante o jogo foi surpreendentemente satisfatório.
Dito isso, não é um jogo pra todo mundo.
Mas, ao menos no meu ver, é um jogo que merece ser jogado por todo mundo, seja como jogo ou seja como obra de arte. Baixe o manual do jogo (on-line no site dos distribuidores), compreenda a mecânica principal e mergulhe de cabeça com a mente aberta pro inesperado e pra experimentar ao máximo cada cantinho de Love-de-Gard, cada conversa com seus habitantes (cada um com sua rotina diária e semanal), cada paisagem e todo segredinho (e, pra isso, eu confirmo: não faz mal usar algum tipo de guia ou detonado aqui. Sério, na real, algumas partes são até meio impossíveis sem isso).
4/5
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