Avaliações de Perfect Tides

Sou de uma geração um pouco mais jovem que Mara, a protagonista de Perfect Tides, mas mesmo assim é difícil não se conectar ao menos um pouco com ela. A nostalgia faz parte do jogo, mas ele não se resume a isso. Em uma espécie de estudo de personagem, o game vai costurando os vários elementos que compõem a personalidade de Mara: os amigos virtuais, a escrita, o luto ainda em processo de superação, a religião judaica, o tédio, a péssima autoestima, o desejo sexual esperando ser vivenciado, a ansiedade social, a imaturidade em compreender os sentimentos das demais pessoas... Todos esses são temas que o game passeia com uma honestidade que termina atingindo em cheio quem se ver refletido em algumas das experiências de Mara em um ano que parece ao mesmo tempo tão banal e tão marcante. Comentando sobre a gameplay (importante, já que estamos falando de um jogo e não de um livro ou filme), ele busca resgatar a experiência dos antigos adventures. Isso ocorre não só pela pixel art, mas também pelas próprias mecânicas, envolvendo um sistema de pontuação escondido, vários segredos e subplots a serem explorados, exigência de um olhar detalhista e criativo ao encarar os puzzles e identificar itens no cenário... O game recria essa experiência muito bem, pena que acaba recriando também alguns de seus problemas, como deixar o jogador sem saber como progredir com certa frequência. Por causa de sua história, acho que é um jogo que não fica restrito aos saudosistas dos antigos point n' click. Seus problemas incomodam, mas não o suficiente para torná-lo um jogo ruim. Mas fica a dica: após sua primeira gameplay, utilize um guia para descobrir segredos e o final verdadeiro (caso não tenha conseguido). Vale a pena.

Lindo demais, bicho 😭 A história é montada de um jeito super preciso, mas nada soa artificial, tudo é orgânico e verossímil. Final que acerta em cheio.