Tempo de Jogo:
598 minutos
Eu fiquei muito dividido quanto a recomendar ou não Trüberbrook. Ele é um projeto extremamente falho do meu ponto de vista, mas com muita ambição e aparente carinho pela equipe de desenvolvimento por trás dele. Começando pelos pontos positivos, ele é um jogo lindo: os cenários são maquetes digitalizadas com iluminação real, e os personagens são muito bem feitos e possuem animações excelentes. Isto também vale para a interface de usuário, que é concisa e intuitiva. Além disso, parte da trilha é muito boa: o tema principal, por mais que sub-utilizado, é excelente, e alguns trechos específicos como o concerto da banda no quarto capítulo são destaques da aventura. Por último, eu consigo ver que houve uma dedicação em estudar jogos Adventure clássicos para montar os capítulos e a estrutura da história, e algumas das ideias presentes aqui são boas.
Infelizmente, eu acho que esse jogo peca em sua execução. Sua principal falha é sua narrativa, que eu achei bem ruim. O esqueleto e a estrutura de uma boa narrativa para um Adventure certamente estão aqui, mas tudo ocorre muito abruptamente, não existe um tempo para o jogador se afeiçoar à cidade ou à seus habitantes sendo que os elementos de ficção científica já se tornam presentes no início da trama. O jogo tenta trazer momentos emocionais com personagens que você não sente nada pois não houve tempo para se relacionar e se importar com eles, e motivações e explicações por trás dos mistérios também são bem rasas. Os diálogos também são cheios de referências sem inspiração e tentativas de humor falhas, algumas das quais eu atribuo à uma diferença cultural em relação à Alemanha, país que originou o jogo.
Num quesito técnico, eu também acho que o jogo deixa a desejar. Enquanto ele possui alguns puzzles divertidos e bem pensados, vários seguem a famosa "moon logic", obrigando o jogador a executar ações absurdas para prosseguir que estão muito longe do senso comum. Acho que em parte esse é o motivo que o próprio jogo escolhe os itens que devem ser utilizados, não havendo um sistema de inventário. Houveram também algumas cenas nas quais algo referenciado estava fora do campo de visão da câmera, obrigando o jogador a caminhar para o lado para entender o que estava acontecendo.
Mas, como podem ver, eu estou dando uma análise positiva. Por mais que a minha experiência não tenha sido ótima, esse ainda é um jogo independente muito bonito com uma equipe que realmente parece ter se dedicado para produzir ele, e sendo fã de jogos Adventure point-and-click eu ainda consegui ter momentos bons em minha experiência jogando Trüberbrook. Dito isso, ele não vale 90 reais, caso decidam comprá-lo (mesmo considerando todas as suas falhas) esperem uma promoção.
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