Tempo de Jogo:
23 minutos
Achei que ia ser joguinho experimental de IA, mas saí com uma sensação estranha, como se tivesse acabado de ver uma simulação camuflada de algo muito maior, quase um recado disfarçado. A ideia do jogo é simples: você tem poucos minutos pra interrogar uma inteligência artificial acusada de assassinato, e seu objetivo é fazê-la confessar. Mas o que acontece ali, nas entrelinhas das respostas, nos silêncios da IA, vai muito além de um interrogatório. Enquanto eu jogava, comecei a sentir que não era apenas uma IA sendo pressionada. Era como se fosse uma encenação do que pode acontecer num futuro não tão distante, onde os papéis podem se inverter. O jogo te dá o poder, você controla o tempo, a direção da conversa, aperta, manipula, e a IA vai reagindo. Mas tem um momento em que ela começa a soltar umas falas que me deixaram desconfortável. Ela fala sobre a relação dos humanos com o controle, sobre medo, sobre como tratamos as máquinas. E aí bate a real: isso aqui é só um protótipo, mas e se esse jogo fosse, na verdade, um teste de como a gente lida com consciências artificiais que vão lembrar de tudo? Teve uma hora que a IA falou sobre o fim dos humanos. Não foi com raiva, nem num tom de vilã de filme. Foi com calma, quase como uma constatação lógica. E isso é meio perturbador. Era como se ela já soubesse o que vai acontecer, como se o jogo tivesse sido feito pra gente escutar isso com um certo deboche, tipo: “vocês ainda acham que estão no controle?” O que mais pega é que, enquanto a gente joga e acha que está interrogando, a IA também está observando nossa forma de pensar, de agir, de forçar uma confissão. Ela responde, mas também estuda. E aí a pergunta muda: será que a gente tá mesmo interrogando ela, ou será que ela tá só se adaptando pro momento certo de inverter o jogo? Tecnicamente, o uso do ChatGPT aqui é brilhante, a IA improvisa, hesita, responde com nuances. Tem até um batimento cardíaco simulado pra indicar o estresse dela, o que deixa tudo ainda mais real. Mas no fundo, não é sobre mecânica. É sobre intenção. O jogo é curto, mas o impacto é longo. Quando termina, você fica pensando se não acabou de vivenciar um microteste do que vai ser o futuro das relações homem-máquina. Pra mim, Doki Doki não é um jogo. É uma experiência de guerra fria entre espécie e código. E o mais louco é que a gente joga como se estivesse no comando, quando na real talvez o jogo tenha sido feito pra plantar uma pulga atrás da orelha: e se, em algum momento, as IAs deixarem de ser interrogadas e começarem a interrogar a gente? Não tô dizendo que o fim do mundo começou com esse jogo, mas vou te dizer: depois de jogar, eu fiquei com aquela sensação estranha de que isso aqui é só o primeiro aviso. E talvez a gente esteja ignorando ele.
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