Avaliações de BMX Bastards

Quando vi BMX Bastards na Steam, a proposta me pegou na hora. Um sandbox de bike, com mundo aberto. Logo de cara, o visual me lembrou muito a pegada "indie corajosa": gráficos com estilo low poly, mas com personalidade. O jogo se passa em uma espécie de cidade distorcida, meio punk, meio caótica, quase como se você estivesse dentro de uma mistura de Tony Hawk Underground com um sketchbook de um grafiteiro. O level design é propositalmente absurdo, e isso é um elogio. Rampa em cima de carro? Tem. Loop em cima de viaduto? Tem. Pista em cima de prédio? Tem também. A cidade é um parquinho insano para quem quer testar linhas e combos criativos. Porém, essa liberdade vem com um preço, e é aí que começam as nuances técnicas. A física do BMX Bastards é, sem dúvida, o ponto mais polêmico. Ela não tenta ser realista, mas também não é totalmente arcade. É uma mistura dos dois mundos, o que acaba criando uma curva de aprendizado bem peculiar. Você não vai conseguir sair mandando 360 barspin na primeira tentativa. Os comandos exigem tempo, coordenação, e, mais importante ainda: entendimento do estilo do jogo. A bike tem peso, e esse peso responde ao terreno, à velocidade e à inclinação. Dá pra perceber que o jogo quer que você aprenda a sentir o ritmo dos movimentos, e não apenas apertar botões. Isso pode afastar quem busca uma experiência mais casual, mas pra quem gosta de desafio técnico, é uma curva de aprendizado recompensadora. A bike responde bem à física de salto, especialmente quando pega velocidade em rampas altas, os manuals e combos entre obstáculos são possíveis e até incentivados com o sistema de pontuação, tem suporte razoável pra controle, o que já ajuda muito a ter precisão nas manobras. Falta de um tutorial mais estruturado. Quem entra pela primeira vez se sente completamente perdido, algumas colisões ainda são mal calibradas. Em certos spots, bater no chão parece mais punição do que consequência real da física, aqui vale dar um destaque à variedade de tricks que o jogo já oferece. Tem barspin, tailwhip, backflip, 180, 360, crankflip e alguns combos mais avançados. O interessante é que muitos desses tricks podem ser linkados com o tempo e prática. O problema? O input nem sempre é fluido. Por exemplo: Tentar fazer um barspin to tailwhip exige precisão extrema, e se você errar o timing por milésimos, a animação quebra. Os grinds ainda são meio bugados, principalmente quando se tenta alinhar em corrimões mais estreitos. O bunny hop tem um delay que às vezes quebra o fluxo da linha que você está tentando montar. O mapa não é só grande: é cheio de segredos, rotas alternativas e possibilidades malucas. Em alguns momentos me senti em um sandbox psicodélico, com referências culturais, grafites escondidos e desafios bem posicionados. Há um quê de exploração no jogo que lembra os tempos de "caçar gaps" nos jogos de skate e BMX mais antigos. A ambientação tem personalidade, mas poderia ganhar muito com NPCs interativos, desafios de pontuação, e talvez uma campanha ou modo história que justificasse sua evolução como "piloto bastardo". Apesar de tudo que falei, BMX Bastards ainda tem um caminho a percorrer: Bugs de colisão e física ainda são comuns em manobras mais técnicas. Falta uma trilha sonora que empolgue. O som ambiente funciona, mas o jogo pede um punk/rap/lo-fi nervoso no fundo. Falta conteúdo multiplayer, mesmo que em formato ghost replay.